Sistema Campo Limpo é o programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias, ou contendo resíduos, de defensivos agrícolas. Com o inpEV atuando como seu núcleo de inteligência, esse Sistema abrange todas as regiões do país e tem como base o conceito de responsabilidade compartilhada por agricultores, fabricantes, canais de distribuição e poder público, conforme a Lei Federal 9.974/00 e seu Decreto regulamentador 4.074/02. Sua ampla capilaridade pode ser comprovada pelos números de sua estrutura, apresentados no infográfico a seguir.

O Sistema acompanha a evolução da agricultura brasileira e do agronegócio. Se fossem abandonadas no ambiente ou descartadas inadequadamente, as embalagens de defensivos agrícolas poderiam comprometer o solo, as águas superficiais e os lençóis freáticos. Ao serem reutilizadas, elas colocam em risco a saúde humana e o meio ambiente.

Pesquisa realizada pela Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) apontou que, em 1999, 50% das embalagens vazias de defensivos agrícolas no Brasil eram doadas ou vendidas sem qualquer controle, 25% tinham como destino a queima a céu aberto, 10% ficavam armazenadas ao relento e 15% eram simplesmente abandonadas no campo. A adoção do Sistema Campo Limpo modificou esse cenário de tal forma que, hoje, o país é considerado referência mundial na destinação ambientalmente correta dessas embalagens. Cerca de 90% do material recebido pelo Sistema retorna ao ciclo produtivo como matéria-prima, o que corresponde ao percentual médio de embalagens passíveis de reciclagem (de papelão, metálicas e de plástico lavável, desde que tenham sido corretamente lavadas após a utilização no campo). As embalagens não-laváveis (cerca de 5% do total comercializado) e aquelas que não foram corretamente lavadas pelos agricultores, são encaminhadas para incineradores credenciados.

90% do material recebido pelo Sistema retorna ao ciclo produtivo como matéria-prima, o que corresponde ao percentual médio de embalagens passíveis de reciclagem

Central de recebimento inpEV

Nas centrais de recebimento as embalagens são separadas, prensadas e enfardadas antes de seguirem para a reciclagem ou incineração.

Infraestrutura

O Sistema Campo Limpo possui unidades de recebimento em 25 estados e no Distrito Federal, entre centrais e postos. Esses locais são gerenciados por associações de distribuidores de defensivos agrícolas, com exceção das seis centrais administradas diretamente pelo inpEV. O Instituto orienta as demais unidades e dissemina boas práticas em temas como procedimentos operacionais, legislação trabalhista, segurança e administração financeira.

Tanto as centrais quanto os postos de recebimento devem atender as determinações da Resolução Conama 465/14 para a obtenção ou renovação de seu licenciamento ambiental.

Fundamentos do Sistema Campo Limpo

Legislação

Atribui responsabilidades específicas a cada elo da cadeia agrícola

Integração

Envolvimento de todos os elos desde o início do Sistema

Educação e conscientização

Esforços contínuos e consistentes

Gestão de processos e informação

Orienta a tomada de decisão com foco no aumento da produtividade, eficiência e geração e captura de valor

infografico01
  • Centrais: estruturas responsáveis pelo recebimento, separação e compactação das embalagens vazias, para envio à destinação adequada. Em dezembro de 2017, 99 centrais também estavam aptas a receber sobras pós-consumo, que são acondicionados em embalagens próprias para o envio à disposição final, sem manipulação dos resíduos.
  • Postos: estruturas menores, aptas a receber as embalagens vazias e separá-las. Alguns já estão aptos para o recebimento de sobras pós-consumo. As embalagens vazias ou contendo resíduos são encaminhadas às centrais.
  • Recebimento itinerante: unidade volante para o recebimento de embalagens vazias em regiões mais distantes das unidades fixas de recebimento.
  • Agendamento Eletrônico de Embalagens Vazias (adEV): sistema que permite que os agricultores programem as devoluções das embalagens vazias ou contendo resíduos pelo computador ou um dispositivo móvel. Por meio do adEV, as centrais conseguem prever a demanda e gerenciar de forma mais eficiente o recebimento das embalagens.

inpEV

Núcleo de inteligência do Sistema Campo Limpo. Além de assegurar a destinação final ambientalmente correta das embalagens vazias ou contendo resíduos, articula os demais elos da cadeia para garantir a eficiência do processo e disseminar boas práticas. Representa a indústria fabricante em suas obrigações relacionadas à logística reversa.

Fluxo do Sistema Campo Limpo - Relatório de  inpEV 2017
%
das embalagens plásticas primárias – que entram em contato direto com o produto – comercializadas no país são corretamente destinadas pelo SCL. O Sistema é preparado para receber 100% das embalagens e destiná-las corretamente.
Galão

Controle e rastreabilidade

O Sistema de Informações das Centrais (SIC) controla a movimentação dos materiais desde a emissão do seu comprovante de recebimento, passando pelo acompanhamento de estoque por tipo de material até o transporte e entrega nos recicladores ou incineradores, com a rastreabilidade do processo. Também permite o acompanhamento dos documentos das unidades, como licenças e autorizações ambientais, entre outras informações.

Estoques

Ordens de coleta

Despesas

Material
movimentado

Documentos

Segurança

e melhoria contínua no SCL

O controle dos impactos na saúde e segurança e a busca pela melhoria contínua do Sistema Campo Limpo são garantidos por meio da certificação ISO 9001, de gestão da qualidade, em sua versão mais recente (2015). A realização de auditorias garante que os procedimentos sejam atendidos na íntegra e que as possíveis não conformidades sejam tratadas para correção definitiva e aprimoramento do Sistema.

Toda embalagem entregue às centrais e postos é vistoriada no momento do recebimento. As que não foram lavadas adequadamente, ou as embalagens não-laváveis, são encaminhadas para área segregada e de lá seguem para a incineração.

Desde 2003, o inpEV realiza análises laboratoriais da tríplice lavagem realizada pelos agricultores, para entender a qualidade da verificação visual e da segregação das embalagens por parte das centrais, e mantém atualizado um banco dos resultados das análises, utilizando como base a norma técnica ABNT NBR 13968. Os resultados demonstram que, na média, as embalagens possuem 10 vezes menos traços de defensivos do que o limite da normativa.

Meta 2018:

  • dar destinação adequada para 44.700 toneladas de embalagens vazias de defensivos agrícolas.
  • o inpEV tem a expectativa de destinar 180 toneladas de produtos impróprios.

Números da destinação de embalagens vazias de defensivos agrícolas em 2017

(em mil toneladas)
GRI G4-EN23

Reciclagem e incineração de embalagens vazias

Destinação das embalagens vazias por região

Embalagens vazias por região inpEV
Destinação das embalagens vazias por estado (em toneladas)
Estado
2016
2017
%
Alagoas
106,6
113,8
6,77%
Amazonas
10,0
Bahia
3.088,2
3.004,5
-2,71%
Espírito Santo
292,3
277,5
-5,09%
Goiás
4.485,4
4.226,3
-5,78%
Maranhão
788,8
852,0
7,90%
Mato Grosso
10.484,9
10.319,1
-1,58%
Mato Grosso do Sul
3.430,8
3.628,5
5,76%
Minas Gerais
3.403,5
3.704,9
8,86%
Pará
191,4
218,4
14,13%
Paraná
5.970,2
5.764,4
-3,45%
Pernambuco
232,3
345,5
48,72%
Piauí
642,7
615,1
-4,30%
Rio de Janeiro
55,3
-100,00%
Rio Grande do Norte
40,9
45,2
10,45%
Rio Grande do Sul
4.571,2
4.685,2
2,49%
Rondônia
478,1
458,2
-4,18%
Roraima
18,4
18,5
0,43%
Santa Catarina
1.005,9
796,3
-20,83%
São Paulo
4.582,5
4.624,3
0,91%
Sergipe
54,2
55,4
2,06%
Tocantins
605,2
749,3
23,80%
Total
44.528,9
44.511,6
-0,04%

Nota:
Não houve destinação direta para recicladores e incineradores nos estados não relacionados na tabela. A diferença de 0,04% entre a quantidade de embalagens destinadas em 2016 e 2017 reflete o atingimento da maturidade do Sistema e não é significativa.